A beleza das Flores Secas do Cerrado

Há mais de 40 anos,
flores nativas do cerrado de Brasília
são desidratadas, pintadas

e vendidas no mesmo lugar:
ao lado da Catedral, na Esplanada dos Ministérios.

Os vendedores, todos homens,
chegam às 8h da manhã e
só vão embora quando escurece,

sete dias por semana.

São eles que colhem,
preparam e vendem papoulinha,
amarelão, capim do cerrado,

ourinho e palipalá,
entre muitas outras.

Todos dizem que é uma terapia
trabalhar com as flores,
que são um dos cartões postais de Brasília.

Guajará Ferreira de Paula
a trabalhar com as flores do cerrado
desde que aqui chegou,em 1984, aos 19 anos.

Aprendeu com o pai
a secar as flores e a pintá-las,
e hoje ocupa uma das 11 bancas.

Duas outras são ocupadas por irmãos
e sobrinhos de Guajará.

Atualmente, só homens fazem o trabalho,
desde a colheita da flores até o trabalho de vendê-las.

“Quando eu cheguei, duas mulheres trabalhavam,
mas logo saíram”, diz Guajará.

Toda a família está envolvida com as flores.
Guajará, que trabalha com três irmãos,
diz que o negócio é não ficar parado.

“Se não tem comprador,
arrumamos os arranjos,
estamos aqui todos os dias”

afirma o artesão que,
como os demais,
é cadastrado na paróquia da Catedral.

Guajará diz que não é fácil
conseguir o cadastramento,

por isso as famílias acabam ficando
e passando o ofício de pai para filho.

“As melhores vendas são no mês de julho
ou no final do ano.


Quando tem manifestação na esplanada também é bom,
pois vem muita gente de outros estados
e eles se encantam com nosso trabalho.

Os brasilienses compram,
mas os melhores compradores são os turistas”,
diz Guajara.

Toda a mercadoria é mantida no mesmo lugar,
dia e noite.

Para evitar contratempos,
os vendedores pagam um vigia noturno,
José Prudêncio.

O policial que faz ronda na Catedral também ajuda.
“Às vezes, o vigia falta, mas nunca roubaram nada”
afirma Josemar Fernandes de Sousa,
que há 38 anos trabalha com as flores em Brasília.

Pedro dos Santos Fernandes tinha 9 anos
quando começou a trabalhar com as flores secas do Cerrado.
O brasiliense, hoje com 47 anos,
aprendeu com o pai, que veio da Paraíba
e trabalhava na Catedral com as flores.

“Peguei amor pela profissão”
Os filhos ajudam tanto na venda como na colheita.
“Vou com um grupo de gente para o mato”


Ele colhe, desidrata, armazena em um depósito e pinta.
Costuma percorrer o cerrado de Cristalina e Padre Bernardo.
“Antes era aqui mesmo em Brasília, mas acabou”
diz o artesão.

Às vezes, as flores são comprados por quilo,
de “roceiros”, como explica o artesão
Vidal Raimundo de Oliveira.


Ele também colhe,
com os filhos e os irmãos,
no Entorno do Distrito Federal.