Nadando em nutrientes

 Na água, na areia ou na brita. Vale qualquer piso, exceto o solo. É assim a produção dos alimentos hidropônicos, que, apesar de dividirem a prateleira do supermercado e o espaço na mente dos clientes com alimentos orgânicos, são produtos bem diferentes. A diferença está na técnica de produção e não no espírito ecológico. Enquanto o orgânico é produzido sem o uso de aditivos químicos, o hidropônico não passa de uma verdura cultivada em água.
Não necessariamente água pura. Os vegetais costumam crescer imersos em um substrato de apoio, fortalecido com uma solução nutritiva especialmente desenvolvida para o tipo de planta. Apesar de não estar em contato com o solo, os nutrientes absorvidos pelo vegetal são os mesmos do cultivo tradicional – orgânico ou não. As raízes absorvem a mistura nutritiva balanceada, que contém água e todos os nutrientes essenciais ao seu desenvolvimento. Essa solução pode ser dissolvida em meio líquido ou em um substrato inerte, sem nutrientes. O fluido é enriquecido com adubo mineral, que passa por um processo químico de purificação. Isso garante que os alimentos hidropônicos sejam tão ou até mais saudáveis que os demais.
Em ambientes controlados, como estufas, as plantas ficam em canteiros suspensos, à altura escolhida pelo produtor. Melhor para quem trabalha na horta, que se livra das dores nas costas. Melhor também para o consumidor, pois a produção é mais limpa e vigiada. Não há lodo, excesso ou deficiência de umidade para prejudicar o crescimento do vegetal. Ao evitar o contato com o solo, impede-se também grande parte da contaminação por larvas e bactérias. Nos vasos, as mudas ficam protegidas contra a maioria das pragas que assolam as lavouras, o que dispensa o uso de agrotóxicos e garante um produto mais natural.
Por tudo isso, e como a solução nutritiva pode ser até melhor balanceada que o solo, a planta se desenvolve normalmente. Então, o mito de que esse tipo de alimento é menos saudável que os outros mais comuns não passa disso: um mito.(Tramontina)

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